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A pobreza na Alemanha: como é ser pobre em um país de primeiro mundo?

A Alemanha é um país considerado rico e desenvolvido, ocupando a 20ª posição do ranking mundial do PIB em 2021. No entanto, mesmo com essa posição privilegiada, cerca de 13,8 milhões de pessoas vivem em situação de pobreza no país, o que equivale a uma em cada seis pessoas na população de 83,2 milhões de habitantes.

Em 2022, o governo alemão publicou um relatório que indicava uma crescente distância entre pobres e ricos no país, embora isso não signifique que as pessoas estejam passando fome. A pobreza é medida na ciência social em duas partes: a pobreza absoluta, quando há falta de alimentos e moradia, e a pobreza relativa, medida pela média da sociedade em que as pessoas têm recursos financeiros suficientes para sobreviver, mas não para adquirir seus desejos básicos.

O salário mínimo na Alemanha é de 12 euros por hora, o que equivale a 1.922 euros mensais ou R$ 9.949 em conversão para o real. Comparado com o salário mínimo no Brasil, que é em torno de R$ 1.200, é possível perceber que, relativamente, uma pessoa pobre na Alemanha poderia viver confortavelmente bem no Brasil. No entanto, um trabalhador que ganha em média 1.350 euros por mês é considerado pobre ou de baixa renda.

Para desempregados na Alemanha, há um seguro desemprego chamado Hartz IV, que geralmente dura 12 meses até que a pessoa possa encontrar trabalho. Além disso, o estado também oferece ajuda com água, gás e eletricidade. Em 2020, 5,3 milhões de pessoas dependiam dessa ajuda do governo. No entanto, a pobreza na Alemanha atingiu níveis alarmantes durante a pandemia da COVID-19, com cerca de 16,1 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza em 2020.

 


Mesmo aqueles que têm emprego em tempo integral não conseguem se manter devido ao alto custo de vida no país. Os preços de alimentos básicos, como pão, legumes, frutas e leite, estão cada vez mais altos nos supermercados, o que leva muitos a recorrer a serviços de distribuição gratuita de alimentos. Até 2020, pouco mais de 1 milhão de pessoas faziam uso desses serviços, mas agora são 2 milhões.

Há ajuda do estado para aposentados com aposentadorias baixas ou para pessoas que recebem pouco salário ou só podem trabalhar meio período, mas muitas vezes essas pessoas sentem vergonha de pedir ajuda e acabam renunciando às ofertas. Embora a Alemanha seja considerada um país rico, a pobreza e a desigualdade social continuam sendo uma realidade para muitos cidadãos.

 

 

Essa vergonha em aceitar ajuda do governo pode ser atribuída a uma cultura de orgulho e independência na Alemanha, onde muitos cidadãos veem o recebimento de ajuda financeira como um sinal de fracasso pessoal ou falta de habilidade para se sustentar.

No entanto, a pobreza na Alemanha não se limita apenas a questões financeiras, muitas vezes ela está relacionada a problemas sociais e psicológicos. Pessoas que vivem em situação de pobreza podem enfrentar dificuldades no acesso a serviços básicos de saúde, educação e segurança, além de estarem mais propensas a desenvolver doenças mentais como ansiedade e depressão.

Além disso, a pobreza na Alemanha pode ter um impacto intergeracional, com crianças de famílias pobres enfrentando desafios no acesso à educação e oportunidades de emprego, o que pode levar a uma maior vulnerabilidade financeira ao longo da vida.

Diante desse cenário, o governo alemão tem tomado medidas para combater a pobreza e a desigualdade social. Além do seguro desemprego e outras formas de assistência financeira, o governo tem investido em programas de educação e formação profissional, bem como em iniciativas de inclusão social e combate à discriminação.

No entanto, muitos críticos argumentam que essas medidas são insuficientes, especialmente diante do crescente fosso entre ricos e pobres na Alemanha. A desigualdade social continua a ser um desafio significativo para o país, que busca conciliar sua posição como uma das maiores potências econômicas do mundo com a necessidade de cuidar de seus cidadãos mais vulneráveis.

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