Nesta quinta-feira (10), o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, o Ibovespa, registrou uma leve alta de 0,30%, encerrando o pregão aos 130.352 pontos. Embora modesta, essa valorização reflete um cenário global marcado pela alta nos preços do petróleo e por dados econômicos conflitantes divulgados nos Estados Unidos. Esses fatores foram decisivos para o movimento dos mercados financeiros no Brasil e no exterior.
Sem grandes novidades na agenda econômica interna, os investidores brasileiros voltaram sua atenção para os números divulgados pela economia americana, particularmente os dados de inflação e de pedidos de auxílio-desemprego. A inflação nos Estados Unidos, medida pelo núcleo do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), subiu 0,3% em setembro, em linha com o aumento observado no mês anterior. Esse resultado foi ligeiramente superior à expectativa de 0,2% do mercado. No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação atingiu 3,3%, bem acima da meta de 2% estabelecida pelo Federal Reserve (Fed), o banco central americano.
Segundo Patrícia Krause, economista-chefe para América Latina da Coface, o resultado acima do esperado para a inflação americana impulsionou a valorização do dólar, que pela manhã chegou a ser cotado próximo a R$ 5,59, seu maior nível em quase um mês. No entanto, ao final do dia, a moeda americana estabilizou-se, encerrando a sessão praticamente inalterada, a R$ 5,5870.
Os dados econômicos dos Estados Unidos trouxeram uma visão ambígua sobre o estado da maior economia do mundo. Por um lado, o aumento dos pedidos de auxílio-desemprego sugere um enfraquecimento do mercado de trabalho, o que poderia justificar uma política monetária mais frouxa por parte do Fed. No mês passado, a autoridade monetária já havia reduzido os juros em 0,50 ponto percentual, na tentativa de evitar uma desaceleração acentuada da economia. Contudo, a inflação persistente reforça as preocupações sobre o quão rápido o Fed pode proceder com novos cortes nas taxas de juros, frustrando as expectativas de investidores que esperam um alívio mais agressivo.
No mercado brasileiro, o volume financeiro movimentado no pregão desta quinta-feira foi de R$ 17,2 bilhões, um valor inferior ao registrado em sessões anteriores, sinalizando uma menor participação de investidores. Na semana, o Ibovespa acumula queda de 1,09%, e no mês recua 1,11%. No acumulado do ano, o índice já apresenta desvalorização de 2,86%.
Outro fator que influenciou o mercado foi a escalada das tensões no Oriente Médio, envolvendo Israel e Irã. O aumento no preço do petróleo esteve diretamente ligado às incertezas sobre o fornecimento global da commodity, especialmente após declarações do ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, sobre uma possível retaliação contra o Irã, em resposta a um ataque com mísseis. Segundo Gallant, a reação israelense seria “letal, precisa e surpreendente”, conforme noticiado pela mídia local. A situação tornou-se ainda mais tensa com informações de que Israel poderia tomar uma decisão sobre um ataque ao Irã ainda nesta quinta-feira, e que os presidentes do Irã e da Rússia se reuniriam para discutir o conflito.
Essas notícias impulsionaram os preços do petróleo nos mercados internacionais, com o barril do Brent, referência global, se aproximando novamente dos US$ 80. As cotações da commodity subiram mais de 3,5% tanto em Londres quanto em Nova York. A valorização do petróleo beneficiou diretamente as ações da Petrobras (PETR3 e PETR4), que encerraram o dia em alta. A Vale (VALE3), outra gigante do Ibovespa, também apresentou leve valorização, seguindo o movimento positivo da Petrobras, que tem grande peso no índice, representando juntas 23,18% da composição do Ibovespa.
Diante desse cenário, o mercado financeiro segue atento aos desdobramentos globais, tanto em termos de política monetária nos Estados Unidos quanto nas questões geopolíticas que afetam o preço do petróleo, fatores cruciais para determinar a direção dos próximos movimentos da bolsa brasileira.